A PODA
Coloco-me a observar, um tanto surpreendida, para um tronco esguio, verde e peludo que cresce de forma exuberante, mesmo no parapeito da minha janela. É um tomateiro que tem apenas umas poucas semanas que semeei.
O meu coração se enche repentinamente da típica e singular alegria do agricultor que se maravilha com o crescer de uma pequena semente, que agora forma uma robusta e excêntrica planta.
Mas logo essa particular alegria se junta a uma urgente e imperativa ação, a poda.
Na verdade eu não desejo a poda pela poda, mas eu anelo pelos frutos e por isso também pela poda. Sem esse corte cirúrgico os frutos não terão a força necessária para crescer. Os meus olhos olham de cima a baixo para aquela planta admirável, está bonita, verde e cheirosa, os seus pequenos estomas transpiram vida. Mas o bom agricultor não se deixa enganar é tempo da poda.
Se por algum tempo o bom agricultor se deixar tomar pela falsa compaixão, em menos de nada, perderá o admirável atributo, a bondade.
Ainda na qualidade de uma agricultora inexperiente, eu duvido, por um breve momento, dessa tal ciência, a poda. Mas acreditando ou não, gostando mais ou menos, a necessidade emergente de podar aquela bela e revigorante planta, permanece bem presente. No entanto, se por um lado a poda é importante, o saber como fazê-la è uma ciência um tanto superior. Cortar simplesmente uns ramos pode transformar o benefício em morte. É necessário esterilizar o instrumento de corte, saber que ramos cortar e após o corte é necessário aplicar um cicatrizante, impedindo que as pragas e doenças se aproveitem da ferida exposta, contaminando-a e enfraquecendo-a.
Enquanto manuseio os instrumentos de corte e seguro na bela e delicada planta, me lembro do meu Bom Pai e também Lavrador. Quantas vezes eu mesma já me encontrei na “pele” daquela planta? Quantas vezes os meus ramos foram podados sem que eu entendesse? Na verdade todos nós passamos por podas no decorrer de nossos dias, mas nem todos são podados pelo Bom Lavrador.
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